
“Vivemos numa sociedade do «descartável». É o que podemos chamar de arte para o momento ou música para o momento. A função duradoura é irrelevante e a presença da qualidade é, geralmente, inversamente proporcional à duração do uso” (Alcingstone de Oliveira Cunha).
Com clareza afirmo que o grau de importância de um evento com esta natureza na educação das crianças representa acima de tudo, uma relação diversa com um grau de produções musicais não apenas vinculadas ao seu ambiente sonoro, articulado a um ganho mútuo de um conjunto de valores morais e culturais associados à divulgação e valorização da Música Tradicional Madeirense.
Cada vez mais acredito no poder da arte e por consequência na Educação Artística. Como referiu (Kodály 1966: 206), “É nossa firme convicção que a Humanidade viverá mais feliz quando aprender a viver com a Música, condignamente. Quem quer que trabalhe para promover este fim, de uma maneira ou de outra, não terá vivido em vão”.
Penso que todos os intervenientes que passaram pelo palco do Fórum Machico no dia 11 de Abril de 2008 se revêem nesta citação anterior. Podemos afirmar que os Cordofones Tradicionais Madeirenses estão de boa saúde, sendo um exemplo claro os 366 alunos distribuídos pelos 16 grupos representativos dos vários ciclos.
Em relação ao evento supracitado, a diversidade musical foi uma realidade constante ao longo do tempo, bem como a qualidade do mesmo. Naturalmente, todos os grupos evidenciaram características próprias, ora associadas ao seu responsável ou ao seu local de origem.

Foi um evento fluido e agradável, face ao número de grupos participantes, mas acima de tudo um evento que proporcionou a todos aqueles jovens uma oportunidade única de se apresentar numa sala digna de grandes eventos, para uma plateia expectante, activa, perita na arte dos cordofones e com uma capacidade de crítica em relação a todo o trabalhado apresentado, tornando-se estes momentos excelentes instrumentos de autoavaliação a todo o trabalho desenvolvido por todos.
A todos os alunos envolvidos os mais sinceros parabéns; a todos os professores responsáveis uma palavra de apreço e de incentivo ao trabalho realizado. Os cordofones estão num bom caminho, mas a viagem é grande, pelo que temos que ter a consciência que podemos fazer mais e melhor, num processo lento e gradual. Não podemos esquecer que a “Música é acima de tudo uma forma de conhecimento; um conhecimento que não se transmite unicamente, mas que tem de ser vivenciado” (José Carlos Godinho, 1992:7).
Rodolfo Cró